quarta-feira, 31 de março de 2010

Strip tease


Bem, como achei de utilidade pública...não é autoria minha, mas ficaria muito orgulhosa se fosse...é da Martha Medeiros, claro. Quem mais poderia ser? Enjoy!

Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.

Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.

Sexo Tântrico


Caras amigas, como disse, teremos espaço para desabafo em nosso blog. Recebi nossa primeira carta-bomba-explosão-hormonal de Srta.R, de Capri, na Itália.

Cara amiga Ella, o cara era iogue, mestre nisso, doutor naquilo, pós-doutor em não-sei-o-quê, morou na Índia, não comia carne (pelo menos a humana eu esperava que ele aceitasse). Extremamente carinhoso, ligava e mandava torpedo toda hora...Tudo bem que algumas coisinhas me irritavam, tipo falar que nem bebê comigo (“Vai papar? Vai nanar?” - Vai se fufu....dava vontade de responder assim...). Não que eu não goste de carinho, mas já estava achando que ele era muuuuuuuuuuuuuuuuito “fofinho” demais. Os ultra-sensíveis na hora da pegada costumam fraquejar...

Tinha o estranho hábito de marcar e ligar em cima hora pra dizer que não ia mais. Eu já tava puta com isso, parecia estar com medo de mim. Fora que não entendia meus trocadilhos e piadas, o que pra mim já é sinal de que toda inteligência acadêmica não é suficiente para transformar um ser humano em alguém perspicaz.

Mas o grande dia chegou. Depois de quase 1 mês de negociações e promessas...fomos pro motel. Ora, ora...a mulher se produz, compra lingerie e o cara ainda acha que foi por acaso que ela aparece feito uma deusa....
Lá chegando, aquele clima de reconhecimento da área, o cara pede:
- Posso ficar te olhando um pouco?
Tudo bem, cada um com sua tara, e embora eu me sentisse desconfortável com a avaliação, concordei.
Fiquei parada de lingerie olhando pro cara e ele parecendo que tava olhando um pedaço de torta na padaria. Até 2 minutos eu me achei uma torta sensacional e irresistível, depois disso já comecei a pensar que ele estava vendo minhas celulites como os furinhos de um pudim... Depois de uma eternidade já tava cansada, sem saber se olhava pros espelhos (já tinha contado umas 50 pintas nas costas do cara) ou se fazia cara de sexy, perguntei:
- Se incomoda que eu me sente?
- Não...pode ficar deitada, melhor ainda...
Ora, ora...em plena trilha sonora de Good Times 98... Tocando os clássicos de motel...”Essa vai pra Janaína de Benfica, de Josuel do Jacaré...” Lógico que minha cabeça num podia estar concentrada nele, né? Já estava pensando em atacar o resto de empadão do almoço que estava em cima da mesa.
Até porque nem era bonito. Não era execrável, até porque eu não estaria ali, mas ele estava dando
chances de me arrepender...
Pra quebrar o olhar de avaliação, falei:
- Quando tu cansar de olhar, me acorda?
Gente! O tempo fechou!
- Você tá debochando de mim?
- Não, só quero participar também...
- Você não entende que esse é um momento especial? Que estamos esperando por isso há muito tempo e que temos que aproveitar cada minuto?
Nessa eu já tava pensando que o cara era virgem, porque eu nem tava esperando tanto assim, muito menos por ele...Mas pra não ser grosseira fui tomar uma atitude e tentei acariciá-lo. Ele segurou a minha mão e disse:
- Você tem que aprender a esperar...
Porra! Tava se achando a bolacha final do pacote, a derradeira Coca-cola do deserto, o último Gatorade gelado da corrida! Eu já tava era com pressa de ir embora!
- Srta R, você já ouviu falar em sexo tântrico?
- Já sim.
- O que você sabe sobre isso?
Fazer argüição na hora de transar é pra acabar com a paciência de qualquer ser humano. Logo, o que era molhado secou...
- Tá valendo nota? – Perguntei pra ver se suavizava, porque a esta altura eu já estava me sentindo uma imbecil, insensível, devoradora de pica.
- Não Srta R., o sexo tântrico....bláblábláblábláblábláblá

A explanação deve ter durado uns 40 minutos. Ou seja, estávamos há mais de 1 hora no motel, que tinha período de 3 horas, e nem um beijo na boca tínhamos dado!
O pior é que o cara falava aquilo com uma emoção que estava me deixando de fato envergonhada por não ter visto o sexo até hoje desta forma tãoooooooooooooooooooooooooooooooooo sagrada e pura, tão bela e tão virginal (e olha que eu me achava romântica...).
- Tá bem, mas que horas a gente vai trepar? - Me deu vontade de perguntar...
Quando ele encostou a mão em mim depois deste sermão apocalíptico, me deu vontade de vomitar...tesão zero, frio desgracento, vontade de bater no cara...
- Dá pra gente beber um vinho antes? – Pedi humildemente, pra ver se bêbada eu engrenava de novo.

Daí eu notei uma coisa estranha: o pau do cara não tinha abaixado em nenhum momento...Fiquei intrigada...sem clima nenhum, o cara lá firme e forte....Banheirinha, espuminha, vinhozinho e a minha curiosidade teve que mandar:
- Tu tomou Viagra?
Tempo fecha novamente!
- Você não ouviu nada do que eu disse né? Srta R., quando a gente REALMENTE ama uma pessoa, a energia flui pelo seu corpo integralmente. O sangue bombeia com muita força e uma ereção pode durar até 6 horas!
PQP! Vai fuder com quantas? Quem agüenta tanto vuvo-vuco sem parar?
E peraí? AMA UMA PESSOA???? Como assim? Eu não te amo!

- Ok, Sr.R, você venceu. Meu tesão acabou.
- Como assim?
- Tu me traz aqui pra me fazer sermão, me ofender dizendo que tenho uma “visão infantilizada do sexo”, dizer que eu sou insensível... se era pra isso, a gente ficava no carro mesmo. Pagar Vip’s Motel pra contar essa historinha de Sherazade que dura 1001 noites! A gente só tem 3 horas, e tu já ultrapassou o limite de ser chato!
Qual não foi minha surpresa? O cara sentou na cama e começou a CHORAR!!!!!!!!!!!!!!!
- Não consigo entender vocês mulheres...- falava balançando a cabeça - Reclamam tanto de homens insensíveis. Vocês gostam mesmo é de porrada (nessa fiquei com medo...já peguei a garrafa do vinho pra dar na cabeça dele, caso ele se alterasse...). Eu achei que você fosse diferente. Toda espiritualizada, carinhosa...e agora vira uma monstruosa personalidade!!!!!!!!!!!!
Amigas, tirando a época de escola quando fui bandeirinha de um jogo, eu nunca fui xingada, mas essa esculachada doeu.
- Você é infantil, precipitada, covarde, tem medo de se envolver, de gostar de um sexo realmente bom...Tô triste e decepcionado com você. Você me magoou...(se eu tirasse uma foto da cara dele ia pegar mal né? Mas parecia uma criança de 5 anos de mal com o coleguinha...)
Acreditem: eu me senti culpada por isso na hora! Bem, isso durou 5 segundos. Passei a mão no telefone e pedi um táxi. Ele disse:
- Eu sou um cavalheiro, vou te levar em casa, mesmo que você não mereça...
- Não Sr.R, um cavalheiro não dá sermão, dá prazer a uma mulher....Fique aí com seu sexo tântrico...liga pra uma monja budista que trepe com você... Que eu saiba, isso tem que ser de comum acordo, os dois devem estar a fim e preparados. Eu realmente sou uma selvagem, depravada, tarada e que só quer saber de gozar.
Me vesti, paguei 60 reais de táxi e fui entoando um mantra até em casa: Nunca mais faço sexo tântrico, nunca mais faço sexo tântrico....

Síndrome de Centopéia


Atire o primeiro salto quem nunca comprou um sapato sensacional que se transformou numa linda e apertada ferradura em 5 minutos de festa! Quantos pares encostados em seu armário (tá bom, em seu closet exclusivo para sapatos, sua nojenta que tem isso!) você pode contar? Ou quantos pares doados ainda com a sola limpinha, tamanho o trauma ortopédico causado?

Ella tem vários, até porque com um joanete em cada um dos pés chatos, só Havaianas resolvem (ou os “UsaFlex” de vovó). Claro que titio Loubotin nunca me doou nenhum parzinho. Se o tivesse, certamente não seria encostado. Aliás, seria glorificado, colocado em uma caixa de acrílico e posto na sala majestosamente, deixando à mostra seu solado vermelho-sangue.

Voltando à realidade, quantos pares de sapatos uma mulher precisa para ser REALMENTE feliz? Homens são simples: um par de tênis, um par de sapatos marrom e um preto. Alguns, mais evoluídos, têm um tênis de passeio (detesto a palavra sapatênis!) e uma sandália descolada. Conheço algumas mulheres que se contentam com pouquíssimos pares: um Ked's, um tamanco com salto de madeira decorado e uma rasteirinha plástica da Di Santinni. Pela descrição, pulemos à categoria de mulheres de verdade. Sim, porque as anteriores têm ainda aquela bota branca de Paquita amarrada na panturrilha e as abomináveis sandálias com salto de acrílico (“sandalinha de cristal...argh!”). E todas, absolutamente todas, têm aquela sandália-chinelo alta com plataforma de borracha, uma de cada cor. Ella não comenta essa escolha.

Precisamos em itens mínimos distribuídos em categorias: sandálias-festa-glamour, sapatilhas-vou-ao-shopping, All-Star-sou-descolada, rasteirinhas-verão, botas-lindas-que-me-apertam, escarpins-anos-80-que-voltaram, peep-toes-sou-muito-chique. Mas ainda há subdivisão das categorias! Só pra dar um exemplo: as botas de cano alto e salto fino e as de cano alto estilo montaria, as de cano curto (dentro da calça por favor a não ser que sejam as ankle boots), galochas fashion (essas não encaro porque ficaria parecendo uma operária em dia de chuva)... Mas JAMAIS, EU DISSE JAMAIS, use as malditas Crocs para sair com alguém!!!! Pode ser mega confortável, mas se quer conforto, vá de Havaianas!

As categorias acima têm também as subcategorias-cores: marfim, bege, nude, rosé, off-white, gelo são a mesma coisa? Não para uma mulher! Marrom é tudo igual? Lógico que não! Tem whisky, tabaco, caramelo, café...

Bem, começo a achar que nossa loucura tem nome científico: Síndrome de Centopéia. Se alguém lhe perguntar pra quê tantos pares, faça cara de coitada e diga: “Tenho Síndrome de Centopéia”. Uma doença moderna e gravíssima que acomete mulheres que sabem que para ocasião, para cada hora do dia, para cada estado de espírito e para cada TPM, existe um lindo par perfeito para lhe fazer feliz.

terça-feira, 30 de março de 2010

Quem sou Ella...

Olá meninas (meninos são bem vindos, embora este seja um lugar pra falar mal de vocês também)!

Meu nome é Ella minha descrição está no cabeçalho do blog (vocês não detestam quando falam "cabeçário"?).

Tenho certeza que sou um pouco de cada uma de vocês. Resolvi escrever aqui um macro-diário.

As histórias não são todas reais, muito menos são todas minhas ,sou apenas uma porta-voz, um alterego dessa classe incompreendida: a mulher inteligente.

Aqui vamos falar de tudo: beleza, moda, comida (ou falta dela), cultura, entretenimento, saúde, homem, homem, homem, homem, homem, sexo, sexo, sexo, sexo sexo e o que mais couber em nossa prolixa lista de prioridades.

Meninos podem (e devem) se defender. Podem usar Ella para pesquisa sobre o universo feminino, tipo um Google Maps de nosso cérebro.

Conto com a colaboração de todas para fornecimento de material de estudo, historinhas de vida.

Não ousem copiar as idéias de Ella. Ella é registrada (ou "resistrada"...ui!) no INPI. Sejam todas muito bem vindas ao mundo de Ella!