quarta-feira, 31 de março de 2010

Sexo Tântrico


Caras amigas, como disse, teremos espaço para desabafo em nosso blog. Recebi nossa primeira carta-bomba-explosão-hormonal de Srta.R, de Capri, na Itália.

Cara amiga Ella, o cara era iogue, mestre nisso, doutor naquilo, pós-doutor em não-sei-o-quê, morou na Índia, não comia carne (pelo menos a humana eu esperava que ele aceitasse). Extremamente carinhoso, ligava e mandava torpedo toda hora...Tudo bem que algumas coisinhas me irritavam, tipo falar que nem bebê comigo (“Vai papar? Vai nanar?” - Vai se fufu....dava vontade de responder assim...). Não que eu não goste de carinho, mas já estava achando que ele era muuuuuuuuuuuuuuuuito “fofinho” demais. Os ultra-sensíveis na hora da pegada costumam fraquejar...

Tinha o estranho hábito de marcar e ligar em cima hora pra dizer que não ia mais. Eu já tava puta com isso, parecia estar com medo de mim. Fora que não entendia meus trocadilhos e piadas, o que pra mim já é sinal de que toda inteligência acadêmica não é suficiente para transformar um ser humano em alguém perspicaz.

Mas o grande dia chegou. Depois de quase 1 mês de negociações e promessas...fomos pro motel. Ora, ora...a mulher se produz, compra lingerie e o cara ainda acha que foi por acaso que ela aparece feito uma deusa....
Lá chegando, aquele clima de reconhecimento da área, o cara pede:
- Posso ficar te olhando um pouco?
Tudo bem, cada um com sua tara, e embora eu me sentisse desconfortável com a avaliação, concordei.
Fiquei parada de lingerie olhando pro cara e ele parecendo que tava olhando um pedaço de torta na padaria. Até 2 minutos eu me achei uma torta sensacional e irresistível, depois disso já comecei a pensar que ele estava vendo minhas celulites como os furinhos de um pudim... Depois de uma eternidade já tava cansada, sem saber se olhava pros espelhos (já tinha contado umas 50 pintas nas costas do cara) ou se fazia cara de sexy, perguntei:
- Se incomoda que eu me sente?
- Não...pode ficar deitada, melhor ainda...
Ora, ora...em plena trilha sonora de Good Times 98... Tocando os clássicos de motel...”Essa vai pra Janaína de Benfica, de Josuel do Jacaré...” Lógico que minha cabeça num podia estar concentrada nele, né? Já estava pensando em atacar o resto de empadão do almoço que estava em cima da mesa.
Até porque nem era bonito. Não era execrável, até porque eu não estaria ali, mas ele estava dando
chances de me arrepender...
Pra quebrar o olhar de avaliação, falei:
- Quando tu cansar de olhar, me acorda?
Gente! O tempo fechou!
- Você tá debochando de mim?
- Não, só quero participar também...
- Você não entende que esse é um momento especial? Que estamos esperando por isso há muito tempo e que temos que aproveitar cada minuto?
Nessa eu já tava pensando que o cara era virgem, porque eu nem tava esperando tanto assim, muito menos por ele...Mas pra não ser grosseira fui tomar uma atitude e tentei acariciá-lo. Ele segurou a minha mão e disse:
- Você tem que aprender a esperar...
Porra! Tava se achando a bolacha final do pacote, a derradeira Coca-cola do deserto, o último Gatorade gelado da corrida! Eu já tava era com pressa de ir embora!
- Srta R, você já ouviu falar em sexo tântrico?
- Já sim.
- O que você sabe sobre isso?
Fazer argüição na hora de transar é pra acabar com a paciência de qualquer ser humano. Logo, o que era molhado secou...
- Tá valendo nota? – Perguntei pra ver se suavizava, porque a esta altura eu já estava me sentindo uma imbecil, insensível, devoradora de pica.
- Não Srta R., o sexo tântrico....bláblábláblábláblábláblá

A explanação deve ter durado uns 40 minutos. Ou seja, estávamos há mais de 1 hora no motel, que tinha período de 3 horas, e nem um beijo na boca tínhamos dado!
O pior é que o cara falava aquilo com uma emoção que estava me deixando de fato envergonhada por não ter visto o sexo até hoje desta forma tãoooooooooooooooooooooooooooooooooo sagrada e pura, tão bela e tão virginal (e olha que eu me achava romântica...).
- Tá bem, mas que horas a gente vai trepar? - Me deu vontade de perguntar...
Quando ele encostou a mão em mim depois deste sermão apocalíptico, me deu vontade de vomitar...tesão zero, frio desgracento, vontade de bater no cara...
- Dá pra gente beber um vinho antes? – Pedi humildemente, pra ver se bêbada eu engrenava de novo.

Daí eu notei uma coisa estranha: o pau do cara não tinha abaixado em nenhum momento...Fiquei intrigada...sem clima nenhum, o cara lá firme e forte....Banheirinha, espuminha, vinhozinho e a minha curiosidade teve que mandar:
- Tu tomou Viagra?
Tempo fecha novamente!
- Você não ouviu nada do que eu disse né? Srta R., quando a gente REALMENTE ama uma pessoa, a energia flui pelo seu corpo integralmente. O sangue bombeia com muita força e uma ereção pode durar até 6 horas!
PQP! Vai fuder com quantas? Quem agüenta tanto vuvo-vuco sem parar?
E peraí? AMA UMA PESSOA???? Como assim? Eu não te amo!

- Ok, Sr.R, você venceu. Meu tesão acabou.
- Como assim?
- Tu me traz aqui pra me fazer sermão, me ofender dizendo que tenho uma “visão infantilizada do sexo”, dizer que eu sou insensível... se era pra isso, a gente ficava no carro mesmo. Pagar Vip’s Motel pra contar essa historinha de Sherazade que dura 1001 noites! A gente só tem 3 horas, e tu já ultrapassou o limite de ser chato!
Qual não foi minha surpresa? O cara sentou na cama e começou a CHORAR!!!!!!!!!!!!!!!
- Não consigo entender vocês mulheres...- falava balançando a cabeça - Reclamam tanto de homens insensíveis. Vocês gostam mesmo é de porrada (nessa fiquei com medo...já peguei a garrafa do vinho pra dar na cabeça dele, caso ele se alterasse...). Eu achei que você fosse diferente. Toda espiritualizada, carinhosa...e agora vira uma monstruosa personalidade!!!!!!!!!!!!
Amigas, tirando a época de escola quando fui bandeirinha de um jogo, eu nunca fui xingada, mas essa esculachada doeu.
- Você é infantil, precipitada, covarde, tem medo de se envolver, de gostar de um sexo realmente bom...Tô triste e decepcionado com você. Você me magoou...(se eu tirasse uma foto da cara dele ia pegar mal né? Mas parecia uma criança de 5 anos de mal com o coleguinha...)
Acreditem: eu me senti culpada por isso na hora! Bem, isso durou 5 segundos. Passei a mão no telefone e pedi um táxi. Ele disse:
- Eu sou um cavalheiro, vou te levar em casa, mesmo que você não mereça...
- Não Sr.R, um cavalheiro não dá sermão, dá prazer a uma mulher....Fique aí com seu sexo tântrico...liga pra uma monja budista que trepe com você... Que eu saiba, isso tem que ser de comum acordo, os dois devem estar a fim e preparados. Eu realmente sou uma selvagem, depravada, tarada e que só quer saber de gozar.
Me vesti, paguei 60 reais de táxi e fui entoando um mantra até em casa: Nunca mais faço sexo tântrico, nunca mais faço sexo tântrico....

2 comentários:

  1. Hahahahaha!!! Ameeeei esse blog, ameeei esse seu texto!! Que você é inteligente e divertida todo mundo vê de longe, mas não sabia que tinha esse dom pra transferir isso tudo pra escrita! Ri do começo ao fim! Beijosss!!!
    Srta. "P" ;)

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  2. Cara Japonega do meu coração, Ella NÃO é protagonista de todas as histórias que serão postadas aqui! rs. Ella é uma porta-voz e uma contadora de histórias. Ella transformará uma pequena desgraça em uma pitoresca historinha, ou simplesmente inventará coisas só para ser engraçadinha...Beijos.

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