Ella pode ser qualquer mulher: ama liquidações, prosseco, viagens, amigas e finais felizes. É chique, inteligente, descolada, desbocada, independente, mas romântica ao extremo. Chora quando vê “A Casa do Lago” ou ouve “O que é o amor” da Maria Rita. Ella sofre porque ama comer doces e tem que ficar magra. Sofre de celulite e de paixonite agudas.
quinta-feira, 6 de maio de 2010
Um dia de pobreza...
Meninas, Ella precisa de seus sais! Ella teve que passar um dia de pobreza! Bem, tem gente que conhece o passado de Ella...É verdade, Ella não nasceu em berço de ouro, mas quando a gente se acostuma com o que é bom e bonito fica difícil se contentar com menos que o melhor. Amigas, por uma crueldade do destino Ella teve que andar de trem!
Moleza, Ella está acostumadíssima com os trens europeus. Composições que chegam pontualmente às 6:11h ou 14:17h. Acostumada com a distinção dos cavalheiros incapazes de esbarrar nas damas. Incrível como os ingleses conseguem ir em pé, lendo seu livrinho sem nem balançar! Ella admite que o cheirinho de "eau de gambá" dos franceses barra o dos brasileiros. Fácil.
E lá foi Ella à estação. Várias plataformas, nenhuma informação. Medo de querer ir à Central e parar em Japeri. Ella não queria perguntar nada a ninguém porque já era visivelmente um peixe fora d'água e não queria levantar suspeitas. Era a única que não estava de legging e sandálias plataforma, não tinha toalhinhas no pescoço e suas unhas não eram decoradas. Era a única que não ouvia MP3 com "músicas" do "Sorriso Maroto".
Ella foi abduzida para dentro do vagão, de tal forma que se mesmo que não quisesse embarcar, embarcaria. As autoridades ferroviárias empurravam o restante dos passageiros com a delicadeza de um peão tocando o gado no pasto. Havia um vagão feminino, teoricamente especial para que as mulheres não fossem molestadas sexualmente antes de chegar ao trabalho. Em vão. É um tal de encosta daqui, sarra dali, que Ella teve medo de que sua pele delicada ficasse salpicada de escabiose (sarna para os íntimos).
A viagem é bastante movimentada. Há vários cultos evangélicos acontecendo no mesmo horário e no mesmo vagão (tipo uma rave em várias tendas). Os religiosos disputavam a atenção de Jesus no grito para ver quem teria a prece atendida primeiro. E Ella tonta no meio. Perguntaram para Ella: "Você aceita Jesus?". Recusei: "Não, obrigada, não bebo de manhã".
No meio do culto há camelôs gritando. Ella viu a hora que Jesus ia expulsar os mercadores do templo. Vende-se de tudo: jornal de R$0,50, kit manicure, kit costura, picolé "Moleca" (tem até de graviola!), relógios e cordões ainda com o pêlo do antigo dono, aparelho de barba usado...O trem faz qualquer mercado de Istambul parecer organizado.
De repente o trem para. Ella pensou logo: "Um atentado à bomba". Mas lembrou que não estava em Paris e foi logo avisada por uma "colega" que o trem tinha "avariado". E lá foi Ella, de cima de seu salto, descer da composição para os trilhos.
Quando Ella chegou à Estação Central, deu um suspiro de alívio por ter sobrevivido e lamentou que estações realmente bonitas e um meio de transporte tão rápido sejam tão sucateados e mal cuidados. E desejou apenas que o Expresso do Oriente fosse aqui.
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