Ella pode ser qualquer mulher: ama liquidações, prosseco, viagens, amigas e finais felizes. É chique, inteligente, descolada, desbocada, independente, mas romântica ao extremo. Chora quando vê “A Casa do Lago” ou ouve “O que é o amor” da Maria Rita. Ella sofre porque ama comer doces e tem que ficar magra. Sofre de celulite e de paixonite agudas.
domingo, 18 de abril de 2010
Fugindo das aulas de Educação Física
Ella sempre foi preguiçosa e fugia das aulas de Educação Física como diabo foge da cruz. Simulava desde uma torção no pé até um cisco no olho para evitar todo e qualquer esforço físico.Para piorar, nunca levou muito jeito para esportes ou qualquer atividade que demandasse coordenação motora, controle ou mira. Era uma nerd clássica.
Papai matriculou Ella no ballet. De collant, sapatilha, sainha e polainas, Ella destoava das demais coleguinhas pequenas e alongadas. Ella tinha a graciosidade de um polvo epilético e a leveza de um hipopótamo mirim. Enquanto todas iam para direita, Ella descambava para esquerda. Pliê? Demi Plié? Grand Plié? Relevé? Fermé? Elevé? Ella só aprendeu o Tombé á Terré (ou tombo no chão mesmo).
Já que coordenação fina não era a sua, Ella tentou ginástica de solo. Só tinha um empecilho: ter que fazer cambalhotas e estrelas. Ella não acertava uma e sentia arrepios só de ver o cavalete. Se pudesse, deitaria e dormiria no colchão do ginásio de esportes.
Pela altura de Ella, recomendaram o basquete e o vôlei. Mas Ella tinha pavor de boladas e sempre achou tudo muito violento. Era sempre a última a ser escalada nos times porque se escondia sob a arquibancada pra ver se a esqueciam. Até acharam que Ella seria uma excelente goleira de handebol. Há! Ella se defendia como podia daquela saraivada de bolas e não entendia porque tanto ódio no olhar das adversárias. Ella tinha tanto medo de uma bola pesada daquelas pegar seu peito ou arrancar-lhe um dente que gritava desesperadamente antes do ataque. Funcionava. O inimigo se desconcentrava e errava o gol. Ella era uma goleira de muita sorte mesmo!
Fora o risco das boladas ou de uma queda nesses jogos perigosíssimos, Ella sempre odiou perder. Derrotas nunca estiveram no dicionário de Ella, que decidiu não competir nem em cuspe à distância ou em em jogo de queimada. Preferia desafios mentais.
No entanto, amigas, a idade chega para todas e começou a pior das disputas: de um lado a preguiça e, de outro, a queda vertiginosa da bunda. E Ella começou a correr contra o tempo e inscreveu-se em sua primeira corrida de rua.
Paramentou-se toda com shorts especiais, top segura-peito, tênis apropriado, frequencímetro e uma viseira que lhe deixara a cara de Barbie tenista. Só não contava com um calor de rachar. Também não contava que velhinhos e deficientes lhe ultrapassariam com tanta facilidade. De vez em quando, olhava para trás pra conferir que não seria a última a chegar. Ella ficou aliviada quando viu uma ambulância por perto, mas pensou que não seria muito digno cruzar a linha de chegada numa maca. Respirou fundo, apressou o passo, ganhou sua medalha e prometeu nunca mais faltar às aulas de Educação Física.
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Adorei!! E por ironia do destino, ainda que fugisse das aulas também, olha em que fui me formar...
ResponderExcluirNão é amiga? A Educação Física caiu nas nossas vidas de algum jeito...destino cruel! kkkkkkkkkkkkkkk
ResponderExcluirQuerida Ella, em primeiro lugar obrigada por me proporcionar garagalhadas homéricas!
ResponderExcluirEu tb sempre fugi da educação física... e devo confessar que já fui utrapassada por deficientes tb uma vez que corri em Paris! rsrs