Ella pode ser qualquer mulher: ama liquidações, prosseco, viagens, amigas e finais felizes. É chique, inteligente, descolada, desbocada, independente, mas romântica ao extremo. Chora quando vê “A Casa do Lago” ou ouve “O que é o amor” da Maria Rita. Ella sofre porque ama comer doces e tem que ficar magra. Sofre de celulite e de paixonite agudas.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
Você já é uma mocinha!
"Você já é uma mocinha" é aquela frase que todas nós ouvimos para sermos repreendidas de forma suave contra algumas reações instintivas que nos fazem, às vezes, esquecer de sentar de pernas fechadas e de não falar com a boca cheia. Pois bem, crescemos e algumas das ações corriqueiras e normais de um ser humano passam a ser feias, proibidas e muito inconvenientes.
Ella não quer falar de escatologia, mas abordará um assunto grave e que pode (isola! bate na madeira!) acontecer com qualquer uma de nós. Soltar um pum acidental na frente do namorado novo, por exemplo. Quem está livre de sofrer os efeitos daquele brócolis do almoço e se encher de gases? Uma amiga de Ella contou, num relato tristíssimo, que se contorceu de dor durante um fim de semana inteiro com as bolhas de ar passeando em sua barriga para não soltá-las na frente do namorado novo. Simulou até um infarto do miocárdio para não dizer a palavra feia: "gases". Tinha medo de dar "aquela espremidinha" ou aquela "levantadinha" da cadeira e escapassem um cheiro ou um barulho que denunciassem seu "ataque cardíaco". Até explicou pro cara que Luftal Max era remédio para taquicardia.
O problema da pressão pós Coca Zero é inevitável. O gás extra se desprende de seu corpo e você quase morre engasgada para não arrotar (ou eructar, para ser mais fina). Ella não faz apologia aos maus modos, mas certas coisas fogem de nosso controle e, mesmo assim, temos que pedir perdão e faltamos morrer por essas pegadinhas do organismo.
Mulheres, ou sua imensa maioria, não vão ao banheiro em qualquer lugar por razões óbvias. O número 1 tem solução, ainda mais para aquelas amigas que gostam de uns choppinhos e não conseguem MESMO segurar a onda (atenção! Ella acha feio e tem pavor de meninas que fazem pipi na rua, imitando os meninos-porquinhos. Se não tem banheiro ou vai dirigir, não beba!). Ella não consegue nem a mais corriqueira das práticas praianas: fazer xixi no mar. Cada ondinha desconcentra Ella e nada acontece.
No entanto, o número 2 é o que há de pior para se fazer fora de seu sacrossanto banheiro de casa. Não tem papel em 90% das vezes e em 100% nenhum chuveirinho. Mas fazer isso na casa de seu amado é fora de cogitação. Ele pode descobrir que você não come flores e sua demora vai denunciar seu "grande crime". Esse tipo de situação faz uma mulher desenvolver uma constipação crônica que nem Activia, Almeida Prado 46, Ducolax e reza braba resolvem.
Mas e quando foi a feijoada no calor que chamou o número 2 a público? Quando vem aquela cólica insuportável e suas alças intestinais parecem dar um nó? Aí, minhas caras, não tem jeito, a máscara cai e vão descobrir seu horrível segredo: você é humana e faz cocô. Para as amigas constrangidas, uma caixinha de fósforos na bolsa para abafar o rastro sempre resolve.
Se você ronca ou baba no travesseiro ou fala dormindo (ou os três juntos), teoricamente, não poderia dormir acompanhada de alguém com pretensões mínimas de relacionamento. Ella tem uma tática: antes do fim do estágio comprobatório do namoro, Ella não dorme. Ella vigia o sono. Ella no máximo cochila deitada de lado para não roncar e ajeita as mãos ao lado da boca para não babar. Certa vez, Ella roncou, e roncou tão alto que seu companheiro deu-lhe um cutucão. O companheiro queria certificar-se que era Ella mesmo e não a princesa Fiona do Shrek, a ogra.
Ladies também se resfriam. E fungam de forma vergonhosa e imperdoável. E como você é uma mocinha, não pode tossir e expor seus pulmões ao ridículo. Imaginem se todos souberem que suas mucosas produzem secreções! Que horror (tsc,tsc,tsc)!
Ella sempre pede às amigas que avisem se algo estiver fora dos padrões, como aquela folhinha de alface no dente, um hálito desagradável, um desodorante vencido pelo calor ou uma sujeirinha no nariz. Não custa nada aplacar (discretamente) o constrangimento de alguém que é humano.
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